
Fiz um Safari Marinho. Mas nem sabia que iria fazê-lo.
Em Inhambane, Moçambique, hospedadas na Praia do Tofo, queríamos ir passear de barco, ver peixinhos, nadar no mar. Por sorte, havia um serviço desses naquela mesma praia.
Domingo. O dia estava lindo, céu límpido, iluminando a água de modo perfeito para observação. Chato foi caminhar ao sol africano das 11h, até o local de saída. Pra ajudar uma legião de “besouros tamanho fusca” se encantou com o “brilho” do protetor solar em meu rosto. Digamos que esse tipo de “atração” não é legal de provocar.
Chegando ao local, o primeiro choque foi com as instruções do passeio. Embora estivéssemos em um país cuja língua oficial é o português, todas as instruções foram dadas em inglês. Com algumas dúvidas, nos dirigimos ao guia do passeio, que era moçambicano. Mas isso não ajudou muito porque o português dele só não era pior que o meu inglês.
Sobre o passeio entendemos:
- a roupa de mergulhador era opcional.
- deveríamos segurar muito bem no barco para não cair
- não tocar nos tubarões
Não tocar no tubarões? Bem, avistar um bicho desses deveia ser um imprevisto...
Já no bote inflável, sem salva-vidas e sem bóias aparentes, segui sem titubear à instrução de segurar. O motor do bote era muito potente. Os 20 passageiros sentados na borda agarravam-se as cordas disponíveis e metiam os pés dentro das fitas de segurança pros pés. “_O Julio nos atestaria insanidade”, pensei enquanto sentia muito medo, recordando de nosso amigo medroso de água. E, desta vez, devo admitir que ele estava certo.
O bote se afastou muito da praia, preferindo locais de água azul escura, pesada, profunda. No trajeto distribuíram as máscaras e os “snorks”. Observando o mar na busca por um banco de corais ao longe, notei que perto não havia escada para subir a bordo após o passeio com os peixinhos. No contexto da insegurança, um item a mais, um item a menos....
De repente uma ordem “_Jump!”. E não obedeço à ordens com facilidade. Ufa.
Os corpos saindo do barco ao comando da voz e entrando n´água. Na água um enorme tubarão baleia. Não acreditei. Quem pulou também não acreditou. Ao "jumpar" os pés quase tocavam o bicho. Faltava ar devido ao susto, não devido a água. Água boca adentro de quem na água estava boquiaberto.
Resumindo, esse “passeio com peixinhos é assim”: O guia de olhos experientes encontra o bicho e dá o comando para pular. Quem quer pula e o barco sai a buscar mais algum bicho marinho. As pessoas nadam atrás do bicho achado e quando ele some esperam o barco se aproximar. Sobem no barco até o próximo “_Jump!”
Subir no barco... Lembra da roupa de mergulhador opcional? Sim, é opcional caso você consiga subir no barco apenas com seu impulso corporal, sem auxilio de escadas ou de outros seres humanos. Na pratica ela serve pro resgatado não machucar a barriga na borda do bote e pros resgatadores terem onde agarrar ao retirarem o corpo resgatado da água. A opção sem neoprene dá direito a barriga ralada e roxos na pele devido ao agarramento das mãos de seus salva-vidas.
E nesse pula e volta, fiquei no barco pra não pagar o mico de ser resgatada. Fiquei resgatando até meus braços doerem. Vendo os bichões na água, sem perder nenhum detalhe. Mareando até compartilhar meu café-da-manhã com os peixes.
Horas depois, os bichos se recolheram, ficamos parados e o mareamento deu uma generalizada. Segundo o guia não podíamos voltar porque o carro pro bote não estava posicionado na areia. Incrédula, eu já estava começando a brigar com o guia:
"_Senhor, é um absurdo ter que esperar o carro na areia. Tá todo mundo passando mal e_ apontando pra minha companheira que estava verde_ essa senhora vai desmaiar".
Ele, dando-nos as costas e apontando pro mar:
"_Vejam as baleias que fica melhor!"
E neste momento uma grande quantidade de baleias surgia na nossa frente. Adrenalina. Lenta e imponentemente elas apareciam na superfície . Passeavam pouco a pouco toda a extensão de seu corpo pelo ar. Terminavam em um mergulho que exibia toda a calda, mesmo como nos filmes. Em sua gigantez, pareciam um submarino de carne e calda.
Depois desta, já podíamos voltar. Rápido em direção a praia o “motorista do barco” acelerou mais quando avistou a areia. E a instrução de segurar ressoou. O bote sai do mar com um impulso, direto pra areia, com-todo-mundo-dentro. Um Gran Finale para a mais louca aventura.
Para relaxar com os peixinhos dourados e de mais cores, visite Pemba.
Em Inhambane tem Safari, para estar com o que apelidados de “Big Five Sea”: tubarão+ raia+ golfinho+ baleia+ aquele outro, ué.
Sobrevivi, mas não faria duas vezes.
Foi pro currículo, e não me arrependo.
Recomendo, com moderação.
Moderação é sinônimo de neoprene.
Fonte da imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Whale_shark_tofo_mozambique_2007.jpg
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