domingo, 27 de março de 2011

Assalto no Rio ao som de Fraterno

Nesta semana estive no Rio de Janeiro a trabalho.
A cidade maravilhosa cheia de encantos mil fez com que eu amanhecesse o dia 25 de março cantarolando a música "Fraterno" que conheci na voz de Ney Matogrosso.
Segundo a letra de Pedro Luiz, a data cujo dia amanheceu solar era 25 de maio, e não de março. Todavia, eu amanheço meu dia conforme quero e a minha rádio mental toca o sucesso musical segundo minhas próprias associações. Logo, 25 de março era o ideal pra música e não se fala mais nisso.
E como a letra também diz de saudade de casa e lembranças aos amigos, enviei um torpedo pr@s amad@s com essa partezinha. Confesso: sou romântica.

O dia transcorreu tranquilo, o evento em que eu estava terminou com o ótimo discurso da Ministra do Supremo Tribunal de Justiça Nancy Andrighi, defendendo a união civil das pessoas de mesmo sexo. Seu discurso, memorável.
Já na saída do evento, indo pro hotel, o dia anoiteceu polar. Isso porque fui abordada e assaltada por dois jovens, a mão armada. Assustada e desorientada, consegui ao menos voltar para o local do evento, onde obtive toda ajuda possível das organizadoras do evento.
Cessada as etapas que envolveram: me acalmar; circular na joaninha da polícia carioca; tentar reconhecer os assaltantes; registrar ocorrência na delegacia e; voltar pro hotel com um amigo-irmão, fiquei pensando no quanto naquela noite se referiram aos assaltantes como vagabundos.

Quer saber, pra mim vagabundo é quem tem casa, comida, oportunidade de estudar e trabalhar e, mesmo assim, cresce e vive às custas de familiares ou amig@s, sem se responsabilizar por nada que não seja seu bem-estar, vivendo uma vida umbigocêntrica.
Pra mim, os assaltantes são marginais, no sentido de pessoas que vivem à margem e não tem nada dessas coisas que falei acima. Não tem direitos mínimos garantidos. E quem não tem direito, não tem dever. Logo, não são vagabund@s.
Enfim, sofri uma violência, os prejuízos materiais foram muitos, mas não dá pra deixar de fazer uma leitura da realidade dos fatos.

Deixo aqui um beijo fraterno para @s querid@s que me acompanharam (pelo braço, telefone ou computador) do momento do assalto até minha chegada de volta à São Paulo.
Para você que lê essa postagem deixo ainda a letra e a música que me acompanharam do dia solar até a noite polar. Espero que gostem.
......



Fraterno (Pedro Luiz)

"Hoje o dia amanheceu solar
Vi pela janela um céu azul
Tinha aroma que soprou do mar
Foi trazido por um vento sul

Levantei pra te escrever
Carta no computador
Frases fiz pra descrever
O que o jornal falou

Fogos de artifício, vícios, suicídio
Belezas e dores no vídeo
Surfe, tsunami invade o litoral
Lá no paraíso

Tinha tédio, assédio, contágio
Febre, suborno, litígio
Pontes, asfalto, pedágio
E um sobressalto acorda os vizinhos

Misses, mísseis, meretrizes
Clones, ciclones, ogivas
Beijos e finais felizes
Fazem parte destas mal tecladas linhas

Amanhã te escrevo mais
Deste diário moderno
Junto as saudações finais
Mando um beijo fraterno

Rio, 25 de maio
Te envio um sorriso
Te desejo uma praia
Tá chovendo granizo
Deu saudade de casa
Dê lembrança aos amigos
No momento preciso
Tome um banho de rio".

sexta-feira, 25 de março de 2011

O arco-íris ainda sangra


Abaixo, relato de mais uma agressão nas imediações da Paulista. Aconteceu há 02 dias, em 23/03/2011.
Não vou entrar no mérito se a violência está maior ou as pessoas estão denunciando mais. A questão principal é que as pessoas estão na rua vivendo a vida e do nada são agredidas por outras pessoas que, sem quê nem porquê, se incomodam com sua existência.

Sim, existência porque os LGBT não estão ditando nenhuma regra de que X ou Y tenha que ser um deles. Ninguém é obrigado a beijar a boca de ninguém, ok?

Agora, se você está passando na rua, vê duas mulheres ou dois homens de mãos dadas e isso "mexe contigo" de alguma forma, aviso: não é batendo, matando, xingando ninguém que esse seu incômodo vai passar.
Viva e deixe viver. É pedir muito?


Nota do setorial GLBT da CSP-Conlutas sobre a agressão de um grupo de skinheads contra nosso camarada Guilherme

Na madrugada desta terça para quarta-feira, dia 23, um grupo de quatro Skinheads agrediu covardemente nosso companheiro Guilherme, em mais um atentado homofóbico, na esquina da Rua Peixoto Gomide com a Augusta, local tradicionalmente frequentado por gays e lésbicas. Uma viatura da polícia que passava no local parou e deteve os agressores. O companheiro, sangrando, foi à 4º delegacia de polícia registrar o boletim de ocorrência contra o ataque homofóbico. Porém, ao tocar na palavra homofobia, o tom da policial que o auxiliara mudou e esta tentou dissuadi-lo de prestar queixa. Dentro da delegacia de polícia os agressores fizeram diversas ameaças ao companheiro, dizendo que tinham marcado seu rosto e iram atrás dele para arrebentá-lo. Após resistências da polícia, o BO foi registrado. Contudo, na hora de ir embora a polícia se negou a levar o companheiro até sua casa e o deixou sozinho para ser pego do outro lado da rua pelos neofascistas que haviam acabado de ameaçá-lo dentro da delegacia. Os agressores são Willyan Hoffmann da Silva, estudante; Vinícius Siqueli de Paula, operador de telemarketing; Daniel Moura Fragozo, estudante; Milton Luiz Santo André, estudante.

É preciso lembrar que este valoroso companheiro, além de forte atuante do movimento estudantil, é um militante do movimento GLBT e esteve na organização da Marcha Contra a Homofobia, realizada na Avenida Paulista, no dia 19 de fevereiro. Esta mesma marcha exigia a aprovação do PLC-122, projeto de lei que criminaliza a homofobia. Esta agressão ao nosso camarada é um atentado contra o próprio movimento e mais uma demonstração da urgência em se aprovar o PLC-122.

Nós do setorial GLBT da CSP-Conlutas exigimos das autoridades públicas a punição dos agressores. Denunciamos com força o descaso da polícia no tratamento com o companheiro, numa clara atitude de incentivo à impunidade de grupos de ódio. Exigimos que medidas sejam tomadas contra a policial que se negou a escoltar o companheiro até sua casa e o deixou à mercê dos seus agressores. Denunciamos cumplicidade da polícia que tolerou ameaças contra a vida do companheiro feitas dentro da própria delegacia. Exigimos que a corregedoria de polícia investigue o caso e tome as medidas necessárias que, para nós, envolvem sim ou sim a exoneração dos policiais cúmplices.

Nosso companheiro está sob ameaça! Alertamos as autoridades públicas, aos movimentos sociais e a toda a população que, se por ventura, qualquer coisa acontecer contra nosso camarada, a responsabilidade recairá totalmente sobre os ombros do poder público.

Chamamos a todos os ativistas do movimento que participem da entrega do laudo do IML na segunda-feira, às 14h na 4º Delegacia de Polícia, na Rua Marques de Paranaguá, 246.

Por fim, queremos dizer que o Estado não reconhece nossos direitos, a segurança pública falhou conosco e, portanto, só nos resta nos apoiarmos em nós mesmos, nos movimentos sociais combativos e na comunidade GLBT. Chamamos a todos os Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais a adotarem uma postura vigilante, a denunciarem os casos de agressão e a intercederem em defesa dos nossos. O direito de autodefesa contra os ataques homofóbicos é legítimo! Devemos agir como grupo, como movimento social! Chega de impunidade! Chega de silêncio!


Fonte da imagem: Capa da revista Forum.

quinta-feira, 3 de março de 2011

SedeDeQuê? e a Lua Nova

Nessa época pré carnaval, o que pouca gente lembra é que o tal feriado cairá justamente no "Dia de Luta das Mulheres", celebrado em 8 de março.

Não por isso, mas coincidentemente, o SedeDeQuê? lança sua nova fase.

Esse blog amigo que começou com um projeto onde usava arte para o enfrentamento da violência contra as mulheres, agora está com a proposta de usar recursos semelhantes pra falar sobre a legalização do aborto.

Visitanto a página lembrei da música "A Lua"...

A fase do blog é nova. Assim com a lua o é tantas e tantas vezes. Nova, minguante, cheia, meia...

Desejo que a renovação das ações em prol dos direitos de mulheres e homens se multiplique e se renove, como as fases da lua.






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A LUA (Renato Rocha)

A Lua
Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua!
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua novamente
Diiiizz!...
Quando ela roda
É Nova!
Crescente ou Meia
A Lua!
É Cheia!
E quando ela roda
Minguante e Meia
Depois é Lua-Nova...
Mente quem diz
Que a Lua é velha...(2x)
Mente quem diz!