sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cenas de Racismo no Brasil- II


Em Abril deste ano, recebi uma denúncia por uma lista de discussão.
Indignada, repassei a mensagem. O fato é que ela circulou tanto que ainda a semana passada um órgão do governo do estado de São Paulo me ligou para saber o desenrolar da história.
Não posso dizer que sou uma militante do "movimento negro" ou mesmo da "igualdade racial". Não sou tão articulada assim. Mas sou feliz porque tenho querid@s nesses movimentos que me veem como uma "simpatizante"!
Juntando isso ao curioso fato de que algumas pessoas chegam ao meu blog digitando no google "cenas de racismo no Brasil", resolvi colocar mais esse material a disposição, já que o rapaz que descreveu a cena tinha dito pra que a mensagem circulasse o mais possível.
Desta vez não desejo "boa leitura" porque não há nada de bom no descrito abaixo.



Racismo e Homofobia nas Casas Bahia em São Paulo Capital (Abril de 2010)

Pessoas...
Acabei de chegar da delegacia no Centro de São Paulo, onde um aluno da USP e morador do CRUSP, o estudante Jeferson foi registrar um BO- Boletim de Ocorrência contra o chefe de segurança das Casas Bahia no Anhangabaú (em frente ao Teatro Municipal).
Esse rapaz foi ao banheiro desse comércio e, ao entrar, deparou-se com um segurança coagindo um rapaz e um homem, ameaçando o homem (que era casado) de levá-lo para delegacia e contar para a família o que ele fazia no local.
O estudante interferiu (pois o segurança, no momento, segurava o homem pelo pescoço) e pediu que o segurança chamasse a polícia, mas não fizesse aquilo porque ele não era autoridade. O segurança começou a questionar quem era o rapaz ao que este respondeu e então disse ao rapaz que ele era "um preto folgado e viado porque estava querendo defender seus amigos" e empurrou o estudante. Este então foi procurar a gerência e não encontrando ninguém voltou preocupado com os dois.
O segurança havia trancado a porta e, ao ouvir barulho de agressão, começou a esmurrar a porta, então, o segurança abriu e partiu para a agressão física contra o rapaz, dando-lhe em chute na costela, derrubando-o no chão e pisando na cara dele. O estudante conseguiu escapar e, ao levantar-se, o segurança o prendeu na parede com o cotovelo, dizendo que ele não iria sair de lá. Indignado com a situação, o rapaz começou a ligar para a polícia e ligou para uma amiga dele e pediu que ela me localizasse e dissesse o que estava acontecendo. Ao ver que o estudante estava chamando a polícia, o segurança fugiu (a loja é um prédio de mais de 6 andares), deixando o rapaz sozinho. As pessoas que estavam no local, incluindo os funcionários, viram e não fizeram nada, nem chamaram ninguém.
Vinte minutos depois a polícia chegou e o gerente apareceu, dizendo que estava no térreo (tudo aconteceu no terceiro andar) e, por isso, não viu nada, também não quis identificar o segurança e lavou as mãos para o caso.
O rapaz orientado pela polícia foi à delegacia. Assim que eu fui informado do ocorrido, me direcionei para lá também; o acompanhei até o IML- Instituto Médico Legal e, neste momento o rapaz está no Hospital Universitário para atendimento médico.
Apesar das agressões o rapaz passa bem, apenas com dores no fêmur e dificuldade para se locomover. Conforme conversamos, ele está afim de ir ate as últimas conseqüências, pois sabe que, se não fizer nada, isso voltará a acontecer. Estarei acompanhando-o para que todas as medidas legais sejam tomadas.
Solicito a tod@s que repercutam em suas listas para que nos mobilizemos e respondamos politicamente esse ato racista e homofóbico praticado por funcionários das Casas Bahia. Como me disse o Jeferson, a segurança provou que o slogan dessa loja na realidade é: "CASAS BAHIA: violência total a você", pois certamente não foi a primeira agressão acontecida nessa loja e praticada pela segurança, mas devemos dar um BASTA para que seja a última.

Dário Neto
"Deixar o erro sem refutação é estimular a imoralidade intelectual" - Karl Marx

Fonte da imagem: Limpa Vias

3 comentários:

Jamylle Bezerra disse...

Cenas como essa descritas no texto devem acontecer todos os dias, sem que ninguém faça nada. Isso precisa mudar.

Mr Marcinho disse...

Nossa eu senti um nó na garganta... lendo isso e se fala em erradicar o preconceito racial e o racismo pelas leis, isso já vai pelas tantas; o que temos a fazer e acordar para as coisas do nosso cotidiano e estão ali na nossa cara, o que as pessoas precisam é de nosso 'respeito' Respeito ao próximo.

carlos henrique caetano disse...

Janaína! Li e me revoltei com o texto. Essa semana aconteceu algo num bar muito frequentado aqui de Campinas_SP. Escrevi sobre isso no balanço que fiz da Parada Gay da cidade, dá uma olhada lá: http://doladodefora.wordpress.com/2010/07/12/balanco-da-parada/
um beijo!