Não trabalho na mesma cidade onde
moro, assim, este é um diálogo que acontece ao menos uma vez na semana durante
o verão:
_Onde você mora?
_No Guarujá.
_Nossa, que bacana! Você deve curtir
muito a praia com esse calor.
_ Errr... Às vezes... _ e tento cortar o assunto por aqui.
Isso porque,
durante a temporada, o Guarujá se assemelha a uma grande lata de lixo. E isso
não é nenhum exagero.
Moro por aqui há
quase três anos. E o lugar que tantos conhecem (conheciam?) pelas belezas
naturais, hoje se destaca devido à sujeira.
Em um domingo de
manhã, do verão de 2013, aconteceu de eu ir caminhar com as cachorras na orla
da Enseada. Após dois quarteirões pela calçada à beira mar voltamos pra casa. O
lixo jogado pelo chão era tanto, que dava nojo de continuar. Não se passeia em lixões.
Quando muito, trabalha-se, em um serviço penoso. O cheiro podre, sacolas voando
e urubus espreitando não me pareceram uma boa maneira de começar o dia de folga.
Nesta temporada a
tragédia se repete. Várias foram as matérias que retrataram a situação das
praias: Imundas. Com títulos bem ilustrativos tivemos “Crianças brincam
perto do lixo em
praia do Guarujá” no
Estadão; “Banhista disputa lugar com lixo
nas areias de Guarujá” na Folha SP e “Lixo
acumulado fica preso em pedras de ilha em Guarujá” no G1, para citar alguns.
Não é implicância minha.
A prefeitura
respondeu nas reportagens que o lixo é recolhido uma vez ao dia e que varrem a
praia por três vezes. Diante da situação, obviamente é pouco. E há anos!
O lixo dos
quiosques são colocados em sacos plásticos e depositados no passeio junto à
Avenida Miguel Estéfno. Sorte dos cachorros que vivem na rua, que não tem
nenhuma dificuldade para rasgar os recipientes para se alimentar. Todavia, consequentemente,
espalharam a sujeira pela calçada. Lixeiras suspensas seria uma solução bem
simples.
Onde
descartar uma lata de refrigerante, um palito de sorvete ou um recipiente de
batatas fritas? Nas lixeiras azuis que existem na calçada beirando à avenida. Sim,
elas existem, só que muito pequenas para a demanda dos passantes e muito longe
de quem curte um banho de mar ou sol. Sem latões os banhistas descartam tudo na
areia da praia. Também atitude recorrente dos atendentes de quiosques que, ao
limpar as mesas, jogam canudos, guardanapos e outras miudezas no chão.
Apenas latas de
alumínio não sobram na areia. Pessoas passam para recolhê-las, fazer uma renda
e, quiçá, tomar o que sobrou de cerveja. Mesmo prestando este serviço indireto à
comunidade, homens e mulheres que recolhem latas são tratadxs de maneira
vergonhosa: xs freqüentadorxs da praia
atiram as latas na areia, para que sejam pegas. Qual a grande dificuldade de
entregar as mesmas, mão na mão, quando xs catadorxs passam?
Ontem, ao
entardecer, caminhava pela orla da Enseada. Fiz o registro das imagens dessas
imagens porque é impossível fingir que isto não acontece. Em breve o mar
subiria e varreria tudo aquilo para dentro de si.
Não posso
dizer que não existem bons momentos. Ontem a única felicidade foi encontrar o
grupo “Percutindo Mundos” se apresentando na orla. A banda é caiçara e,
entre tantos sons, também cantou e dançou o mar. Mar que à esquerda do palco
agonizava pelo mau uso.
O que se vê no
Guarujá é a pouca infraestrutura que o local tem para receber a população
flutuante que gira em 1,5 milhão ano. Já a população fixa, soma 290 mil
habitantes.
Claro que turismo pode ser bom. Ma isso desde que o lugar
eduque o turista e dê condições para que parte da população local viva do
turismo e, a outra parte, sobreviva com dignidade apesar do turismo.
O lixo não é a
única questão. Por aqui parece não existir leis de trânsito e de silêncio
noturno na temporada. Ah, também presume-se que xs moradorxs sejam MUITO ricxs , dados os preços
exorbitantes de janeiro à janeiro. Mas isso já é conversa para outra postagem.
Um comentário:
No Paraná, com a implantação do PROGRAMA ECOPRAIA, desenvolvido pela ECOCITY SOLUÇÕES AMBIENTAIS,temos conseguido grandes avanços na qualidade das praias e na educação ambiental.
Nosso trabalho é destaque em matérias em diversos sites nacionais:
http://www.globalgarbage.org.br/portal/2014/04/16/afinal-quanto-lixo-gera-uma-praia/
http://www.ecocityverao.blogspot.com
http://abides.org.br/c/noticias/
http://www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/lixo/8306-afinal-quanto-lixo-gera-uma-praia
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