terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cumpro a Sina.


"Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
– dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou."
(Adélia Prado: Com licença poética)

Hoje decorei esse poema!
Mas o primeiro que sei de memória aconteceu sem a intenção...

Faz apenas uns quatro anos que percebi que havia uns versos que “desde sempre estiveram por ali”. Só lembrava que eram de uma cartilha. Minha mãe, que já foi professora primária, confirmou, com certa surpresa, a procedência: a “Caminho Suave”, da segunda série primária. Hoje, usando a Onipresença e Onisciência do Google, sei que o poeminha é "Casa Pequenina", de Branca Alves de Lima.

Antes desta “descoberta mental” descrita, nos tempos das gincanas do colégio, eu era tímida o suficiente para não gostar muito do palco. Mas suficientemente boa pra ficar responsável pelas declamações de poemas. Nada muito artístico, diga-se de passagem!

Hoje, decorei um poema. Não aconteceu “sem quê nem porquê” como com o primeiro. Não tinha intenção de pontos para a equipe, como nos tempos do colégio. Apenas por vontade, desejo, necessicade!?.

Disseram-me uma vez que o sentido da expressão “saber decor" é saber de coração. Caso eu não o soubesse, agora sei!
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3 comentários:

nilda disse...

Adorei a historia da cartilha, "Caminho suave". Meus filhos tambem já passaram por ela. e valeu a pena.
Estas pequenas lembranças vão se tornando grandes lembranças com o avançar do tempo.
É muito bom!
Beijoca.
Nilda.
http://meucantin5.blogspot.com/

Rose Sztibe disse...

porque mulher é desdobrável, Janaína.
bjs.

marlene disse...

Adorei este texto... flui gostosamente!
beijo